Aleijadinho

Escultor, entalhador e arquiteto mineiro da arte barroca, considerado o maior escultor do período barroco.


Biografia resumida

Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) nasceu em Vila Rica no ano de 1730 (não há registros oficiais sobre esta data). Era filho de uma escrava com um mestre-de-obras português. Iniciou sua vida artística ainda na infância, observando o trabalho de seu pai que também era entalhador.

Por volta de 40 anos de idade, começa a desenvolver uma doença degenerativa nas articulações. Não se sabe exatamente qual foi a doença, mas provavelmente pode ter sido hanseníase ou alguma doença reumática. Aos poucos, foi perdendo os movimentos dos pés e mãos. Pedia a um ajudante para amarrar as ferramentas em seus punhos para poder esculpir e entalhar. Demonstra um esforço fora do comum para continuar com sua arte. Mesmo com todas as limitações, continua trabalhando na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais.

Na fase anterior a doença, suas obras são marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade. São desta época a Igreja São Francisco de Assis,  Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (as duas na cidade de Ouro Preto).

Já com a doença, Aleijadinho começa a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte. É deste período o conjunto de esculturas Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo. O trabalho artístico formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e 12 feitas de pedra-sabão, é considerado um dos mais importantes e representativos do barroco brasileiro.

 A obra de Aleijadinho

A obra de Aleijadinho mistura diversos estilos do barroco. Em suas esculturas estão presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico. Utilizou como material de suas obras de arte, principalmente a pedra-sabão, matéria-prima brasileira. A madeira também foi utilizada pelo artista.

Morreu pobre, doente e abandonado na cidade de Ouro Preto no ano de 1814 (ano provável). O conjunto de sua obra foi reconhecido como importante muitos anos depois. Atualmente, Aleijadinho é considerado o mais importante artista plástico do barroco mineiro.

 Carregamento da Cruz  (escultura em madeira), Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas-MG)

Principais obras de Aleijadinho:

Talha

– Retábulo da capela-mor da Igreja de São Francisco em São João del-Rei

– Retábulo da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto

–  Retábulo da Igreja de Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto

Arquitetura

– Projetos de fachadas de duas igrejas (Igreja de São Francisco em São João del-Rei e Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto).

Escultura

– Conjunto de esculturas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (incluíndo as mais conhecidas: “Os Doze Profetas”).

Profeta Daniel (pedra sabão), Santuário de Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas-MG)

Fonte: Sua Pesquisa

História do Brasil Colônia – O Período Colonial

Tratado de Tordesilhas, Descobrimento do Brasil, Capitanias Hereditárias, Exploração do pau-brasil, escravidão indígena e africana, ciclo da cana-de-açúcar, domínio holandês no Brasil, bandeirantes, ciclo do ouro, Guerra dos Emboabas, Revoltas


O Período Pré-Colonial: A fase do pau-brasil (1500 a 1530)

A expressão “descobrimento” do Brasil está carregada de eurocentrismo (valorização da cultura europeia em detrimento das outras), pois desconsidera a existência dos índios em nosso país antes da chegada dos portugueses. Portanto, optamos pelo termo “chegada” dos portugueses ao Brasil. Esta ocorreu em 22 de abril de 1500, data que inaugura a fase pré-colonial.

Neste período não houve a colonização do Brasil, pois os portugueses não se fixaram na terra. Após os primeiros contatos com os indígenas, muito bem relatados na carta de Caminha, os portugueses começaram a explorar o pau-brasil da Mata Atlântica.

O pau-brasil tinha um grande valor no mercado europeu, pois sua seiva, de cor avermelhada, era muito utilizada para tingir tecidos. Para executar esta exploração, os portugueses utilizaram o escambo, ou seja, deram espelhos, apitos, chocalhos e outras bugigangas aos nativos em troca do trabalho (corte do pau-brasil e carregamento até as caravelas).

Nestes trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, ingleses e franceses que tinham ficado de fora do Tratado de Tordesilhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu as terras recém descobertas em 1494). Os corsários ou piratas também saqueavam e contrabandeavam o pau-brasil, provocando pavor no rei de Portugal. O medo da coroa portuguesa era perder o território brasileiro para um outro país. Para tentar evitar estes ataques, Portugal organizou e enviou ao Brasil as Expedições Guarda-Costas, porém com poucos resultados.

Os portugueses continuaram a exploração da madeira, construindo as feitorias no litoral que nada mais eram do que armazéns e postos de trocas com os indígenas.

No ano de 1530, o rei de Portugal organizou a primeira expedição com objetivos de colonização. Esta foi comandada por Martin Afonso de Souza e tinha como objetivos: povoar o território brasileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil.

A fase do Açúcar (séculos XVI e XVII )

O açúcar era um produto de muita aceitação na Europa e alcançava um grande valor. Após as experiências positivas de cultivo no Nordeste, já que a cana-de-açúcar se adaptou bem ao clima e ao solo nordestino, começou o plantio em larga escala. Seria uma forma de Portugal lucrar com o comércio do açúcar, além de começar o povoamento do Brasil. A mão-obra-obra escrava, de origem africana, foi utilizada nesta fase.

O trabalho escravo num engenho de açúcar

Administração Colonial 

Para melhor organizar a colônia, o rei resolveu dividir o Brasil em Capitanias Hereditárias. O território foi dividido em faixas de terras que foram doadas aos donatários. Estes podiam explorar os recursos da terra, porém ficavam encarregados de povoar, proteger e estabelecer o cultivo da cana-de-açúcar. No geral, o sistema de Capitanias Hereditárias fracassou, em função da grande distância da Metrópole, da falta de recursos e dos ataques de indígenas e piratas. As capitanias de São Vicente e Pernambuco foram as únicas que apresentaram resultados satisfatórios, graças aos investimentos do rei e de empresários.

Após a tentativa fracassada de estabelecer as Capitanias Hereditárias, a coroa portuguesa estabeleceu no Brasil o Governo-Geral. Era uma forma de centralizar e ter mais controle da colônia. O primeiro governador-geral foi Tomé de Souza, que recebeu do rei a missão de combater os indígenas rebeldes, aumentar a produção agrícola no Brasil, defender o território e procurar jazidas de ouro e prata.

Também existiam as Câmaras Municipais que eram órgãos políticos compostos pelos “homens-bons”. Estes eram os ricos proprietários que definiam os rumos políticos das vilas e cidades. O povo não podia participar da vida pública nesta fase.

A capital do Brasil neste período foi Salvador, pois a região Nordeste era a mais desenvolvida e rica do país.

A economia colonial

A base da economia colonial era o engenho de açúcar. O senhor de engenho era um fazendeiro proprietário da unidade de produção de açúcar. Utilizava a mão-de-obra africana escrava e tinha como objetivo principal a venda do açúcar para o mercado europeu. Além do açúcar destacou-se também a produção de tabaco e algodão.

As plantações ocorriam no sistema de plantation, ou seja, eram grandes fazendas produtoras de um único produto, utilizando mão-de-obra escrava e visando o comércio exterior.

O Pacto Colonial imposto por Portugal estabelecia que o Brasil só podia fazer comércio com a metrópole.

A sociedade Colonial

A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande diferenciação social. No topo da sociedade, com poderes políticos e econômicos, estavam os senhores de engenho. Abaixo, aparecia uma camada média formada por trabalhadores livres e funcionários públicos. E na base da sociedade estavam os escravos de origem africana.

Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um grande poder social. As mulheres tinham poucos poderes e nenhuma participação política, deviam apenas cuidar do lar e dos filhos.

A casa-grande era a residência da família do senhor de engenho. Nela moravam, além da família, alguns agregados. O conforto da casa-grande contrastava com a miséria e péssimas condições de higiene das senzalas (habitações dos escravos).

Invasão holandesa no Brasil

Entre os anos de 1630 e 1654, o Nordeste brasileiro foi alvo de ataques e fixação de holandeses. Interessados no comércio de açúcar, os holandeses implantaram um governo em nosso território. Sob o comando de Maurício de Nassau, permaneceram lá até serem expulsos em 1654. Nassau desenvolveu diversos trabalhos em Recife, modernizando a cidade.

Expansão territorial: bandeiras e bandeirantes 

Foram os bandeirantes os responsáveis pela ampliação do território brasileiro além do Tratado de Tordesilhas. Os bandeirantes penetram no território brasileiro, procurando índios para aprisionar e jazidas de ouro e diamantes. Foram os bandeirantes que encontraram as primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

O bandeirante Domingos Jorge Velho

O Ciclo do Ouro: século XVIII 

Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de Portugal tratou de organizar sua extração. Interessado nesta nova fonte de lucros, já que o comércio de açúcar passava por uma fase de declínio, ele começou a cobrar o quinto. O quinto nada mais era do que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e correspondia a 20% de todo ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição.

A descoberta de ouro e o início da exploração da minas nas regiões auríferas (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) provocou uma verdadeira “corrida do ouro” para estas regiões. Procurando trabalho na região, desempregados de várias regiões do país partiram em busca do sonho de ficar rico da noite para o dia.

O trabalho dos tropeiros foi de fundamental importância neste período, pois eram eles os responsáveis pelo abastecimento de animais de carga, alimentos (carne seca, principalmente) e outros mantimentos que não eram produzidos nas regiões mineradoras.

Desenvolvimento urbano nas cidades mineiras 

Cidades começaram a surgir e o desenvolvimento urbano e cultural aumentou muito nestas regiões. Foi neste contexto que apareceu um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil : Aleijadinho.

Vários empregos surgiram nestas regiões, diversificando o mercado de trabalho na região aurífera. Igrejas foram erguidas em cidades como Vila Rica (atual Ouro Preto), Diamantina e Mariana.

Para acompanhar o desenvolvimento da região sudeste, a capital do país foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.

Igreja de Ouro Preto

Revoltas Coloniais e Conflitos

Em função da exploração exagerada da metrópole ocorreram várias revoltas e conflitos neste período:

– Guerra dos Emboabas : os bandeirantes queriam exclusividade na exploração do ouro nas minas que encontraram. Entraram em choque com os paulistas que estavam explorando o ouro das minas.

– Revolta de Filipe dos Santos : ocorrida em Vila Rica, representou a insatisfação dos donos de minas de ouro com a cobrança do quinto e das Casas de Fundição. O líder Filipe dos Santos foi preso e condenado a morte pela coroa portuguesa.

– Guerra dos Mascates – ocorrida entre 1710 e 1711 na capitania de Pernambuco, foi uma rebelião nativista pela disputa de poder político entre as cidades de Olinda e Recife. O conflito ocorreu, principalmente, entre a aristocracia açucareira de Olinda e os mascates (comerciantes portugueses) de Recife.

– Inconfidência Mineira (1789) : liderada por Tiradentes , os inconfidentes mineiros queriam a libertação do Brasil de Portugal. O movimento foi descoberto pelo rei de Portugal e os líderes condenados.

Fonte: Sua Pesquisa

Como ler livros – Por André Lisboa (Part. III)

É preciso ler para crescer em mente e em espírito. Não se pode perder muito tempo com leituras bobas. Com essa reflexão, iniciamos mais um artigo da série Como Ler Livros, inspirada na obra How to Read a Book, do humanista norte-americano Mortimer Adler.

Já descobrimos nas últimas duas postagens (Part. I e Part. II) que é preciso ler da forma mais ativa possível.

Hoje, vamos abordar a essência de leitura exigente que se edifica a partir de quatro perguntas básicas.

Antes de ir a elas, tenhamos em mente que há uma prescrição principal para qualquer leitura que se pretende ser ativa: Faça sempre perguntas enquanto se lê. São questões que nós mesmos devemos tentar responder no decorrer da leitura.

AS QUATRO QUESTÕES BÁSICAS

1. O livro fala sobre o quê?

Devemos desvendar o tema, perceber o desenvolvimento, os subtemas e os tópicos do livro.

2. O que exatamente está sendo dito, e como?

Aqui deve-se buscar as ideias, as afirmações e os argumentos do autor.

3. O livro é verdadeiro, em todo ou em parte?

Nesta etapa, o leitor precisa formar um juízo sobre a obra que está sendo lida. É impossível não formular tal juízo quando se entende o livro.

4. E daí?

A questão visa ajudar a sentir o peso – a relevância – do que foi dito pelo autor do livro. Por qual motivo se considera que o que ele diz é importante? Se for preciso, pode-se buscar mais informações sobre o assunto com uma pesquisa complementar.

Devemos aplicar estas quatro perguntas especialmente a obras expositivas e de não-ficção, mas, se devidamente readequadas, elas servirão para qualquer obra literária.

Durante a leitura, os questionamentos precisam ser feitos porque são eles que garantem o nosso entendimento. As perguntas devem acompanhar a percepção da obra paulatinamente. É importante respondê-las com precisão.

A ARTE DE TOMAR POSSE DE UM LIVRO

É bom usar sempre um lápis quando se lê. Por quê? Ele transportará para um papel ou para a borda do livro as mensagens das entrelinhas do livro.

Nós tomamos posse dum livro quando anotamos sobre ele.

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Ler é pensar e escrever é refletir: é o pensamento desdobrado sobre si mesmo.

As anotações ajudam a recordar os argumentos do autor. É preciso tentar condensar todo o pensamento e sobretudo conversar com o escritor.

É um exercício de diálogo. É como conhecer um amigo. Ouvir o que o outro diz é o que possibilita o diálogo, é primordial.

Os bons leitores fazem perguntas para si mesmos e para o mestre; ou concordam ou discordam dele.

UMA TÉCNICA DE ANOTAÇÃO

Vamos agora conferir uma técnica de anotação sugerida pelo autor de How to Read a Book.

1. Sublinhar: os trechos mais importantes (contundentes); não fazer em excesso.

2. Traçar linhas verticais nas margens: serve para destacar passagens muito longas.

3. Fazer asteriscos ou outras marcas nas margens: ajuda a localizar rapidamente os trechos mais importantes.

4. Inserir números nas margens: indicar os passos de um raciocínio.

5. Anotar números de outras páginas nas margens: correlacionar assuntos similares – ao longo do livro; amarrar os assuntos ou argumentos similares.

6. Circular as palavras-chave ou frases: mesmo intuito de sublinhar

7. Anotar ideias e perguntas nas margens: reduzir uma sequência complicada em uma frase; registrar a sequência  de pontos centrais; depois pode-se usar as anotações como índice pessoal; dar atenção principalmente às páginas finais: estruturar o que se aprendeu em um perfil do livro.

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OS TRÊS TIPOS DE ANOTAÇÃO

É importante fazer anotações de acordo com o tipo de leitura adotada. Como há três níveis (inspecional, analítica e sintópica) de leitura avançada, vamos descrever anotações que se encaixam em cada uma delas. Quais são elas?

a) Estruturais (Inspecional): notas voltadas para a estrutura do texto e não propriamente para a sua substância

b) Conceituais (Analítica): permitem ver a profundidade do texto, substrato da mensagem; conceitos do autor.

Obs: É possível fazer um diálogo entre as notas estruturais e as notas conceituais durante a leitura sintópica.

c) Dialéticas (Analítica e Sintópica): Debate de autores; referências a outros conceitos; diálogos entre conceitos de vários autores.

Obs: Uma dica é que se anote em um papel à parte, indicando com uma palavra na margem do texto.

FORMANDO O HÁBITO DE LEITURA

Ler continuamente é a melhor forma de aumentar a facilidade na leitura. Quanto mais se praticar, melhor a leitura.

Uma aspiração importante na vida de estudos é sempre ter como meta elevar a capacidade de leitura e levá-la à perfeição.

Isso será um hábito que se constituirá com o tempo de toda uma vida.

Não basta conhecer as regras, mas se entregar ao hábito de praticá-las. A arte precisa de regras até para serem desrespeitadas.

A leitura é uma habilidade técnica que se desenvolve a partir de regras, não?

MUITAS REGRAS EM UM HÁBITO

Para Mortimer Adler, ler é como esquiar. O principiante tem de se sentir humilhado no início, mas a partir do momento em que se esforça para aprender, ele desenvolve as suas habilidades.

A leitura é uma atividade gradual que requer desenvoltura e dinâmica. É difícil ler com eficiência no início. Logo, não fique triste com as dificuldades. Ela exige muita concentração e atividade mental incessante.

É preciso ter consciência dos atos mentais, o que é muito difícil controlar a princípio, mas pode ser alcançado com esforço e ser elevado à perfeição.

Como ler livros – Por André Lisboa (Part. II)

Quanto mais esforço, melhor a leitura. Foi uma das lições que já tivemos com o educador norte-americano Mortimer J. Adler no primeiro post desta série. Percebemos que esforço, ritmo e consciência da ação são fundamentais para o ato de ler.

No artigo desta semana, vamos tratar de outra consideração fundamental nos ensinamentos de Alder: os níveis de leitura e a velocidade de leitura.

Ao longo de minha vida de estudos, nem imaginava a existência de tais níveis.

Obviamente acompanhei o que ensinaram muitos professores preocupados em melhorar a qualidade de interpretação textual de seus alunos.

Apesar do esforço deles, na minha época de colégio, sofríamos com a tradicional [e suprema] preocupação com a gramática nas aulas de Português. Dificilmente eram aulas estimulantes. Adolescentes e crianças podem apenas sofrer diante de horas seguidas de exposição sobre termos gramaticais, não?

O ato de ler em si estava mais relacionado com as aulas de história da literatura ou de redação. Elas tinham sua importância, mas se perdiam em meio à fragmentação curricular das escolas.

Em How To Read a Book, Adler descreve quatro tipos [níveis] de leitura: Elementar, Inspecional, Analítica e Sintópica.

Neste artigo, vamos abordar os dois níveis iniciais.

A LEITURA ELEMENTAR

Trata-se do ato de ler, da leitura rudimentar, básica ou inicial. Ela se dá quando o leitor identifica e associa os sentidos aos sinais escritos que compõem o texto, quando ele detecta o que palavras e frases significam. Neste nível, o leitor responde ao questionamento: O que diz a frase que estou lendo?

Parece termos voltado à obviedade, certo?

Eu gostaria de propor que discordássemos disso e aceitássemos que muitas vezes travamos na frente de frases difíceis e longas. Travamos pela falta de atenção que nos leva a não manter o diálogo com o autor e bloqueia a atividade interpretativa [e reflexiva] contínua do ato da leitura. Às vezes, ao acabarmos a leitura de um longo período nos perguntamos: Oi? 

A leitura elementar diz respeito principalmente ao nosso processo de alfabetização – muitas vezes iniciado e pouca vezes concluído.

Antes de tudo, precisamos saber que os níveis de leitura são cumulativos.

O procedimento da leitura elementar levará aos procedimentos da leitura inspecional e, assim paulatinamente, mergulha-se nos níveis mais profundos.

Tenho certeza que a maioria dos leitores deste post já passou por esse treinamento de alfabetização extensivo. Então, vamos passar para o nível subsequente da arte de ler livros.

Leitura 3

Nenhum livro deve ser lido mais lentamente do que merece, e nenhum livro deve ser lido mais rapidamente do que seu aproveitamento e compreensão exigem

Assim, Mortimer Adler resume o que vem a ser o fundamento principal do segundo nível de leitura. Vamos a ele!

A LEITURA INSPECIONAL

Qual estudante universitário, com pouco tempo para estudar, não teve grandes dificuldades para apresentar um seminário sobre o capítulo de algum livro?

A inspeção costuma ser uma ação útil extremamente, principalmente quando se tem pouco tempo para ler uma obra. Ela ajuda a sondar um livro e descobrir se ele requer dedicação ou não.

Antes de tudo, precisa-se definir qual a tipologia do livro, o que deve se desvendar na fase da sondagem. Ela servirá para separar o joio do trigo. A sondagem pode até ser decisiva na hora da compra de uma obra literária.

Adler acredita que as pessoas não precisam querer ler todos os livros escritos, até porque nunca teriam tempo para tal tarefa, por isso, elas devem se dedicar apenas aos bons livros.

O filósofo ensina uma técnica de sondagem em seis pontos. Vamos a eles:

1) EXAMINE A FOLHA DE ROSTO E O PREFÁCIO DO LIVRO: A META É TER UMA NOÇÃO BÁSICA DO ASSUNTO ABORDADO E SABER EM QUAL PRATELEIRA DA ESTANTE GUARDÁ-LO.
2) EXAMINE O SUMÁRIO: CONHEÇA A ESTRUTURA GERAL DA OBRA: O SUMÁRIO DEVE SER USADO COMO MAPA DE VIAGEM, POR ISSO, PRECISA SER LIDO COM ESMERO.
3) CONSULTE O ÍNDICE REMISSIVO (SE HOUVER): UM OLHAR RÁPIDO SOBRE OS TÓPICOS PODE DIZER MUITO SOBRE UMA OBRA. PODE-SE PERCEBER NESTA CONSULTA QUAIS SÃO OS AUTORES CITADOS.
OBS: O ARGUMENTO CENTRAL DO LIVRO TALVEZ POSSA SER DESCOBERTO COM UMA ANÁLISE CONSISTENTE DO ÍNDICE E DO SUMÁRIO. A SONDAGEM NESTE CASO AJUDA A DELIMITAR O NORTE DA OBRA. 
4) LEIA A CAPA E A CONTRACAPA: OBSERVE COM ATENÇÃO OS RESUMOS DO LIVRO, ELES PODEM DIZER MUITO SOBRE ELE.
5) EXAMINE OS CAPÍTULOS QUE LHE PAREÇAM CENTRAIS AO ARGUMENTO DO AUTOR.
6) FOLHEIE O LIVRO; REPITA A AÇÃO NO MÍNIMO TRÊS VEZES: FOLHEAR E LER / FOLHEAR E LER / FOLHEAR E LER, TRATA-SE DE MEDIR A PRESSÃO ARTERIAL DO LIVRO.

Segundo Adler, após sondar o livro, o leitor já tem um conhecimento bom acerca da obra e tudo isso em poucos minutos.

Claro, não é algo tão profundo assim, mas o leitor já guarda consigo uma noção geral. Já sabe dizer se vale a pena ou não lê-la.

Na sondagem, é preciso estar em alerta e buscar pistas das ideias centrais.

ALÉM DA SUPERFÍCIE

Ter muita esperança na primeira leitura de um livro é um erro. 

Sempre se deixa de entender algo ao ler uma obra, até mesmo as mais simplórias.

Por isso, é importante ler uma obra buscando entender o que se sabe, mas passando por cima dos períodos difíceis.

A prática pode parecer errada, mas esperem, há algumas justificativas para isso. Primeiro, ela ajuda principalmente a manter o ritmo. E devemos ainda levar em consideração três ações:

A) LER TODO O LIVRO MESMO PULANDO O QUE NÃO SE CONSEGUE ENTENDER.
B) DEIXAR PARA PESQUISAR SOBRE UM LIVRO APENAS APÓS A PRIMEIRA LEITURA.
C) CONSIDERAR PRIMEIRAMENTE A BUSCA PELO TODO PARA SOMENTE DEPOIS COMEÇAR A ESMIUÇAR A OBRA.

Até agora já temos uma definição básica a cerca da leitura inspecional, mas antes de continuarmos precisamos nos ater uma técnica fundamental. Qual o ritmo que devemos adotar?

A VELOCIDADE DA LEITURA

É importante sempre aumentar a velocidade da leitura, mas antes de tudo precisa-se saber ler em várias velocidades. Isso vai variar de acordo com o tipo da obra que nos propomos a contemplar.

A leitura inspecional precisa ser rápida, mas é normal quando os olhos retrocedem linhas – em um ato involuntário que nos atrapalha e acaba nos fixamos em trechos e parágrafos de um livro.

Sabemos que voltar é dispendioso e, tempo é o que não temos nessa fase de leitura.

O leitor precisa evitar fixações e retrocessos.

Para impedir isso, uma dica básica – que passa despercebida pela maior parte dos leitores principiantes – é a utilização dos dedos (lápis ou caneta). Eles servem para acompanhar as linhas durante a leitura.

Quem adota essa prática – e a segue à risca – verificará em pouco tempo uma grande melhora da qualidade da leitura e passará a ler bem mais rápido, evitando os retornos angustiantes sobre os mesmos parágrafos. Os dedos ao percorrerem a linha do texto vão ajudar a colocar a leitura veloz em prática. Serão a batuta do leitor.

A QUESTÃO DA COMPREENSÃO

No decorrer da leitura de sondagem, é preciso avaliar a compreensão a cada instante.

Não se pode perder o entendimento do que já se leu, por isso atenção e ritmo devem estar em mente no decorrer da leitura.

Os dedos no papel ajudam a manter a concentração, porém deve-se saber que compreender é fundamental.

A pergunta-combustível: o que diz o texto? Rapidez, foco e compreensão, lembre-se.

CHECKLIST: RESUMO DA LEITURA INSPECIONAL

A) O IDEAL É APRENDER A LER NAS DIFERENTES VELOCIDADES E SABER EMPREGÁ-LAS NO MOMENTO CERTO.
B) A LEITURA INSPECIONAL É UMA SONDAGEM PARA TER NOÇÃO DA FORMA E DA ESTRUTURA DE UMA OBRA.
C) NÃO TENTAR ENTENDER TUDO DE PRIMEIRA: NÃO TER RECEIO DE SER SUPERFICIAL PARA CONCLUIR A LEITURA INSPECIONAL.

Este foi o segundo artigo desta série, que deve ter ainda três posts. Espero que você tenha gostado.

Caso tenha perdido o primeiro texto, pode conferi-lo clicando em Como Ler Livros – Part. I.

Como ler livros – Por André Lisboa (Part. I)

Você passa horas tentando compreender um texto e nada. Perde a concentração na leitura a cada 30 segundos. Sofre para conseguir concluir um texto curto para a aula do dia seguinte. Se você vive uma situação dessas rotineiramente, então esta série de artigos pode lhe ajudar muito.

Aqui serão propostas as teses do filósofo aristotélico norte-americano Mortimer J. Adler, contidas na obra How To Read a Book, que deveria ser um dos primeiros livros a ser repassados aos estudantes ainda no ensino fundamental ou no princípio do ensino médio.

Trata-se de um programa de ensino de leitura que não se esgota. Universitários, professores e leitores curiosos e esporádicos terão benefícios incríveis se  se debruçarem com afinco sobre o livro de Adler.

Lamentei por tão sábias orientações não terem chegado às minhas mãos ainda na adolescência.

O livro é um guia prático destinado a qualquer pessoa que queira elevar a sua capacidade de leitura.

São dicas simples, às vezes óbvias, mas extremamente úteis e aplicáveis por qualquer pessoa. Eu diria que são indispensáveis.

E qual a primeira lição?

RITMO

A aula não é de música, mas poderia até ser. Fluxo, tempo e respiração são fundamentais ao bom leitor.

A leitura precisa ter um ritmo, escreve Adler: há horas para se ler rápido e momentos para se ler devagar.

Ele compara a leitura à melodia e garante que se não tivermos ritmo, tempo e compasso, o resultado será puro barulho.

A falta de tal cadência é um dos principais motivos pelos quais muitos leitores sofrem para se concentrar nos textos.

Num piscar de olhos, numa respiração errada, lá se vai tudo. E o que se compreende? Exatamente: não se compreende nada.

ENTÃO, COMO SE DESCOBRE O RITMO?

O educador clássico dará a resposta com a formulação do seu método que desenvolve a prática da leitura em quatro níveis – elementar, inspecional, analítico e sintópico.

Inicio uma série de artigos para apresentar detalhadamente os ensinamentos do filósofo.

Antes de nos concentrarmos nos quatro níveis de leitura, precisamos atentar para um dado fundamental para compreender a proposta de Adler mas que pode passar muitas vezes despercebido. Para entender o que é ler de verdade, devemos guardar no espírito o seguinte:

TODA LEITURA TEM DE SER ATIVA

Você pode pensar: Uau, descobriu a pólvora…, mas calma. Vá devagar.

O que Adler quer afirmar é que não existe leitura passiva.

Ela é um ato da vontade, que requer esforço. É preciso exigir muito de si mesmo quando se está lendo.

Sim, claro mais, e daí?, você pensa novamente.

Bem, e daí que quando estamos atentos para que a leitura é uma atividade, mudamos toda a nossa atitude. Ficamos de prontidão. Sabemos que a leitura é uma tarefa laboriosa. Respeitamos os nossos inimigos: a dispersão, a preguiça, as ansiedades etc.

O erro mais comum entre estudantes ao se debruçarem sobre livros surge no início do seu momento de meditação. Começam a estudar já enfadados, desanimados ou dispersos.

Como o homem gentil que era, Adler quer nos lembrar que ler é trabalho ou como diria um bom nordestino cabra da peste: – Vai ler? Então acorda, meu filho. Leia aí com força, vai!

PRECISAMOS OUVIR E LER

Ler é uma ação com dois lados: um lado ativo, que inicia o movimento e um lado receptivo, que o finaliza.

É preciso capturar a mensagem disparada pelo escritor. Em uma comparação com o beisebol, o escritor é o arremessador (pitcher) e o leitor é o apanhador (catcher). Há uma técnica para o arremessador e uma técnica para o apanhador.

Leitura 2

O QUE APRENDEMOS ATÉ AGORA? QUAIS FORAM AS MENSAGENS PRINCIPAIS DISPARADAS NESTE ARTIGO?

Aqui estão três:

1ª Captar a informação durante uma leitura depende de dedicação e de técnica.

2ª A leitura decorre de muitos atos individuais.

3ª Há graus diferentes de atividade na leitura.

A LEITURA TEM OBJETIVOS. OUTRA OBVIEDADE? ENTÃO VAMOS VER QUAIS SÃO ELES:

1) APRENDER O QUE QUER DIZER O AUTOR: PRIMEIRO OBJETIVO

Há muitas relações entre a mente e o livro. A leitura ativa é o processo pelo qual a mente se eleva por conta própria.

O que isso quer dizer? Ora, que a mente deixa de entender menos para entender mais.

Se não estivermos atentos para isso, vamos acabar pensando que ler é apenas absolver informações. E absorver informações é progredir em entendimento?

Para Adler, não.

O filósofo acredita que a leitura é um processo. E faz parte dele o fato de que não conseguimos entender um livro por completo. Quando o livro não é compreensível é sinal que ele tem algo a nos acrescentar.

Para entendê-lo, precisamos nos dedicar mais e entrar em operação com os símbolos do texto que está sendo lido.

2) LER PARA ENTENDER

Uma das chaves para melhorar a leitura é saber que há leituras para se informar eleituras para se entender.

Nós precisamos ler para entender quando reconhecemos que a obra é maior do que nós, que nosso conhecimento não é suficiente para decifrá-la. É o leitor que determina tal dificuldade, ou seja, nossa cultura adquirida até aqui nos ajudará ou não a entender uma obra.

Temos duas considerações que permitem a leitura para entender:

a) A desigualdade inicial de entendimento: temos uma batalha, um problema para decifrar pela frente que está além de nosso alcance.

b) Ter capacidade de se reduzir ou superar tal desigualdade. Adler acredita que qualquer pessoa esforçada e com a técnica correta tem capacidade de subjugar essa barreira.

3) LEITURA É APRENDIZADO

Adler acredita que a leitura deve ser uma aprendizagem, logo só podemos aprender com quem é superior a nós mesmos. Obviamente aqui, não há uma atitude de soberba. Pelo contrário, é um convite à humildade.

Leitura é aprendizado. Há uma diferença sutil entre ensino e descoberta.

O esclarecimento – descoberta – ocorre quando se aprende o que o autor escreve, o que ele quis dizer e porque quis dizer. Esclarecer-se depende de se informar, mas não devemos nos contentar com a informação.

A descoberta decorre de pesquisa, investigação e reflexão sem ajuda. Na leitura, é preciso haver descoberta.

Adler escreve:

Informar-se é simplesmente saber que algo é um fato. Esclarecer-se é saber, além do fato, do que se trata esse fato: porque ele é assim, quais as conexões que possui com outros fatos, em quais aspectos são iguais, em quais aspectos são diferentes”

4) APRENDER SEM PROFESSOR

Um aluno na sala de aula deve estar consciente de que o ensino é uma descoberta com auxílio. O leitor não tem professor ou auxílio direto. Para aprender, ele precisa recordar que leitura e aprendizagem são ativos. Pensa-se que ler e ouvir são atitudes fáceis, mas há um engano nisso.

Durante a leitura, é preciso saber lidar com o pensamento. Pensar durante o processo envolve ainda imaginação, observação apurada, memória rápida e sobretudo um intelecto treinado para fazer análises e reflexões.

O leitor precisa saber responder as suas próprias questões.

Precisamos entender por conta própria e aprender como fazer com que os livros nos ensinem.

Ler, assim como descobrir, é aprender com um professor ausente.

E esse processo de descoberta da leitura será toda a proposta de Adler.

No próximo artigo, iniciarei a descrição dos níveis de leitura. Serão abordadas, principalmente, a leitura Elementar e a leitura Inspecional. Não perca!

Sugestão de livro
A base da série de artigos tem sido a obra How To Read a Book, do filósofo Mortimer Adler. No Brasil, temos duas edições. Uma delas lançada com o nome de A Arte de Ler, pela editora Agir em 1957, que você pode encontrar na internet, e a segunda tradução foi recentemente lançada pela editora É Realizações intitulada Como Ler Livros (2011). A obra mais recente é a revisão do sucesso original de Adler.  Vale muito a pena comprar.

Para mais informações, [você pode procurar o autor do artigo, André Lisboa], pelo email andrelisboax@gmail.com ou ainda no Twitter ou no Facebook.

Fonte: READTXT

Entenda o Vestibular do CESPE-UnB

UnB

A UnB (Universidade de Brasília) é uma instituição federal, inaugurada em 1962 e está sempre classificada entre as melhores do país.

O Vestibular

O vestibular da UnB é realizado uma vez por ano, normalmente em junho , e é aplicado em apenas uma fase divida em dois dias consecutivos: um sábado e um domingo.

No sábado são aplicadas três provas:

  • Redação
  • Língua Estrangeira (LE) – [Inglês, Francês ou Espanhol]
  • Linguagens Códigos e Ciências Sociais (LCCS) – [História, Geografia e Português]

No domingo é aplicada uma única prova:

  • Ciências da Natureza e Matemática (CNM)- [Matemática, Física, Química e Biologia]

As questões não são separadas por matérias.

Redação

A prova de Redação tem caráter eliminatório. Caso o candidato seja classificado dentro do número de vagas para seu curso sua redação é corrigida. A redação é avaliada em uma escala de 0 a 10. O candidato deve obter uma nota mínima de 3,0 para conquistar a vaga. No entanto anota obtida na redação não serve para efeito de classificação do candidato.

As outras 3 provas são objetivas e podem apresentar questões tipo A e tipo B.

Tipo de Questões

  • Tipo A

    Questões tipo A são itens que devem ser julgados em Certo ou Errado. O valor de cada item do tipo A é +1 ponto, caso a marcação concorde com oficial definitivo ou -1 ponto caso divirja.

  • Tipo B

    Questões do tipo B são questões que apresentam um valor de 000 a 999. Geralmente questões tipo B só aparecem na prova de CNM. Caso a sua marcação concorde com o gabarito oficial será atribuído + 2 pontos, caso não concorde ou a questão seja deixada em branco você não perde.

OBS: Se você errar questão tipo A, perde 1 ponto. Se errar tipo B não perde nada.

Questões anuladas

Freqüentemente alguns itens do vestibular apresentam algum tipo de problema e o CESPE decide por anulá-los no gabarito oficial. Para um item que o CESPE julgue como nulo, todos os candidatos ganham a pontuação equivalente a esse item, não importando o que o candidato tenha marcado em sua folha de resposta.

Escore Bruto

Escore Bruto para cada uma das 3 provas objetivas (LE, LCCS e CNM),é a soma do valor (-1, 0, 1 ou 2) obtido em todas as questões da prova de acordo com a marcação do candidato, marcação do gabarito oficial e tipo da questão.

É considerado desclassificado o candidato que obtiver escore bruto igual ou inferior a 0 em uma das provas objetivas (LE, LCCS e CNM). E um escore bruto total (soma dos três escores) inferior a 60.

Exemplo:

Alice em um determinado vestibular, corrigindo sua prova de língua estrangeira (com relação ao gabarito oficial definitivo) acertou 19 itens, errou 3 e deixou 8 em branco. Ela obteve então um escore brutode 16.

Provas Objetivas:

  • Primeiro dia (Sábado):

    • LE pode ser feita nas línguas: Inglês, Francês ou Espanhol, sendo que o candidato faz a opção de língua durante a inscrição para o vestibular. A prova de LE é composta de 30 itens, geralmente todos do tipo A. A UnB costuma apresentar textos e as questões terem foco na interpretação correta do texto.
    • LCCS reúne de forma interdisciplinar questões envolvendo as matérias de Português, Literatura, História e Geografia. Não é divulgada lista de livros de literatura para ler. A prova é constituída de 120 questões, geralmente todas do tipo A.
  • Segundo dia (Domingo)

    • CNM Essa prova reúne de forma interdisciplinar questões envolvendo as matérias de Matemática, Física, Química e Biologia. É constituída de 150 questões, em que a grande maioria é do tipo A e algumas são do tipo B.

Cálculo do Argumento Final

Para somar a nota das diferentes provas, o sistema da UnB opta por normalizar os dados antes da soma. Além disso as provas de LE, LCCS e CNM (Ciências da Natureza e Matemática) apresentam pesos diferentes na nota final, de acordo com o curso.

Para cada uma das provas objetivas o CESPE calcula a média e o desvio padrão da nota de todos os candidatos não desclassificados. Esse cálculo demédias e desvios é feito a cada vestibular e varia de semestre parasemestre.

Pesos

Para os cursos de Ciências Exatas e Saúde os pesos são: 1 para LE, 4 para LCCS e 8 para CNM.
Para os cursos de Ciências Humanas os pesos são: 2 para LE, 6 para LCCS e 5 para CNM.

Argumento

Para cada prova, o argumento é seu escore bruto subtraído da média geral, o valor obtido dividido pelo desvio padrão. Tudo isso vezes 10, vezes o peso.

Exemplo:

Exemplo: Nossa amiga Alice obteve 16 em língua estrangeira e sua opção foi Inglês.Como seu curso é na área de humanidades o peso é 2 para língua estrangeira. Em seu vestibular, na prova de Inglês, 12.85 foi a média e 6.71 o desvio. Calculando o argumento:

Repare que se ela tivesse tirado uma nota inferior a média, obteria um argumento negativo para essa prova.

Argumento final

O argumento final é obtido somando-se o argumento de cada uma das provas. Para facilitar o processo de calculo do argumento pelo estudante, foi criado a CARGA (calculadora de argumento) disponível em www.vestunb.com.

OBS: Todas as operações são realizadas utilizando apenas duas casas decimais.

Sistema de name

Já tendo o argumento final, é corrigida a redação dos candidatos que tem chance de serem selecionados para o sistema que estão concorrendo. Os candidatos que obtém nota superior a 3,0 são considerados aptos e são classificados segundo seu argumento.

Classificação para o Sistema de Cotas

Primeiro é feita a Classificação para o Sistema de Cotas. Os primeiros colocados até o limite equivalente ao número de vagas destinadas a esse sistema são selecionados. Os não selecionados são incluídos no sistema Universal.

Classificação para o Sistema Universal

Os candidatos que se inscreveram para o sistema universal e os não selecionados pelo sistema de cotas são classificados e os primeiros colocados até o número limite equivalente ao número de vagas destinadas a esse sistema são selecionados.

Primeira Chamada e Chamadas subseqüentes

Todos os candidatos até então selecionados são chamados em primeira chamada. As vagas não ocupadas são destinadas às chamadas subseqüentes. Existem complicações quanto à decisão de se chamar um candidato do sistema de cotas ou universal nas chamadas seguintes. Os critérios são bem detalhados no guia do vestibulando, disponível no site do CESPE.

Mais informações:

Site da UnB
Cursos oferecidos
Cespe (Órgão organizador do vestibular)

Fonte: Mundo do Vestibular

Cotas Raciais – Justiça ou Discriminação?

Por Fábio Coutinho

Não devemos igualar o inigualável, quando falamos de igualdade social não estamos falando em igualdade de oportunidades. Se analisarmos o atual sistema meritocrático podemos perceber que esse considera de maneira igual os desiguais.

A nossa sociedade jamais conseguiu alcançar a equidade, aliás, nenhuma sociedade. Um pobre branco nunca será igual a um pobre negro e esse abismo que existe entre ambos é meramente étnico-racial.

Muitas pessoas ainda se opõem às cotas com argumentos supérfluos de que isso prejudicaria a qualidade do ensino, ou que seria mais uma forma de segregação e discriminação racial.

Na concepção colocada por Rui Barbosa, inspirada em Aristóteles, ele coloca: “A regra da igualdade não consiste senão em aquinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha verdadeira lei da igualdade.” O método expresso coloca claramente que a igualdade só se consiste a partir do momento em que se tratar indivíduos historicamente discriminados e marginalizados com privilégio. Para que esse possa disputar de maneira igual os diversos espaços da sociedade.

De fato, as cotas são medidas provisórias e que não anulam o racismo e a discriminação do negro na sociedade, porém,  democratizam, um pouco, os espaços que fornecem melhores oportunidades para uma “raça” que sempre foi colocada como inferior.

Não devemos concensuar, quando diversos intelectuais assinam uma carta contra a racialização no Brasil, onde se afirma: “raças humanas não existem” (Carta dos 113 intelectuais contra a Racialização do Brasil, 2008:3). Isso é naufragar em uma realidade onde específicas raças são culturamente, vistas e reproduzidas como inferiores e que, nos espaços de poder, são minorias. Se formos analisar esses que são minoria, na verdade são majoritários em nossa sociedade. “[…] as raças são entidades biológicas reais que devem ser examinadas como um todo e não parte por parte” (KI-ZERBO.J, 1965:285).

O debate que é feito sobre a existência ou não das “raças” também interfere no ponto em que diz respeito a seu conceito, por exemplo, biologicamente as raças não existem, porém é algo explicitamente real culturamente e socialmente.

A divisão da sociedade em raças não existe de forma direta mas, nas ações do cotidiano, podemos perceber que existe uma raça a qual nomeamos como “branca” que possui privilégio, inserção política, social e econômica. Isso hegemoniza essa raça perante às “outras”.

Diversos geneticistas afirmam a não existência das raças em seu conceito biológico, de certa forma, isso constribui como ferramenta para combater o racismo, demonstrando os equivocos científicos do passado.

Nos trechos a seguir, avaliamos que os fatores culturais e tecnológicos são frequentes na sociedade real, onde o conceito biológico é totalmente anulado. “A raça é menos um fenômeno biológico que um mito social”.(Quatro declarações a Questão Racial, UNESCO, Paris, 1969.).
“Relacionando cada traço distintivo aos fatores de seleção e adaptação que podem tê- lo favorecido, notamos frequências ligadas, ao que parece, muito mais a fatores tecnológicos, culturais e outros, que não coincidem de maneira nenhuma com o mapa das ‘raças’”.(Cf,MONTAGU.”Le Concept de Race”). O tal mito social existiu no passado e se mantém na contemporaneidade, por isso as ações afirmativas são práticas fundamentais.

É importante mencionarmos que a igualdade de oportunidades não poderá corrigir, em prazos curtos, a desigualdade entre negros e  brancos, conforme segue: “De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual segundo suas necessidades.”(MARX,karl.Crítica ao Programa de Gotha,1875). Reconhecemos que a redução da desigualdade social, estimulada pelo fundamento de repartição meritocrática, destaca a qualidade e o “esforço”, isso, porém, não garante a igualdade plena; estariamos tratando igual os desiguais.

As cotas são medidas justas, porém insuficientes. Para democratizarmos de fato os espaços sem que haja empecilhos sociais, precisamos avançar o debate na sociedade e disputar os espaços de forma objetiva e assim, enfrentarmos as poderosas oligarguias que, de toda maneira, irão tentar frear os movimentos que lutam pelos direitos humanos e justiça social.

O debate sobre as cotas ainda é classificado como um tema polêmico, devido às variedades de concepções que fazem, muitas vezes, o debate ficar cristalizado, beneficiando unicamente, camadas sociais caracteristicamente branca e de classe média. Não adianta falar contra as cotas sem ter um entendimento sobre a realidade da população negra, que é, diariamente, criminalizada nas favelas e periferias do mundo.

A organização coletiva dos movimentos sociais e dos intelectuais são fundamentais para a construção de um mundo mais justo e igualitário, onde sejamos socialmente iguais, humanamentes diferentes e totalmente livres, já dizia Rosa de Luxemburgo. Muitos negros, pela comunidade que vivem, acabam reproduzindo modelos de opressão contra sua própria etnia. Isso mostra a que ponto chegamos no preconceito nefasto e presente.

Não podemos afirmar que o racismo não existe, pois ele está em cada piada e em cada comentário que é feito no dia-a-dia. De fato, não adianta termos políticas públicas que combatem o racismo, se não houver lutas cotidianas dos movimentos negros em defesa da sua inclusão social e da sua forte capacidade de disputa hegemônica, dentro de uma sociedade dividida por classes, onde a classe pobre e classificada como inferior é, em sua maioria, negra.

A educação não é mérito mas sim um direito de todos. E hoje podemos dizer que a parcela de negros nas universidades é baixa, basta olharmos para dentro das salas de aula, corredores e até mesmo nos departamentos, onde os professores são, em sua maioria, brancos.

As cotas são sim uma ação afirmativa de combate ao racismo e à segregação. Por mais insuficientes que sejam estão gerando um processo de inclusão social muito forte nas universidade.

Bibliografia:

A África e as “teorias raciais”. KI-ZERBO,J. “Teorias relativas às ‘raças’ e a História da África”. In: KI-ZERBO,J. (coord.) História Geral da África. Volume I –Metodologia e Pré- História. Brasília, UNESCO,2010.

Carta dos 113 intelectuais contra a racialização do Brasil

Vídeo: Conferência Alberto da Costa e Silva “África: Passado e Presente”

Site:http://www.istoe.com.br/reportagens/288556_POR+QUE+AS+COTAS+RACIAIS+ DERAM+CERTO+NO+BRASIL

MARX,Karl. .Crítica ao Programa de Gotha,1875.

Site:http://wp.clicrbs.com.br/doleitor/2012/08/01/artigo-cotas-raciais-um- bemnecessario/

 

Nota do Enem – Entenda o uso da TRI no cálculo do resultado das provas

O MEC e o INEP adotam a Teoria da Resposta ao Item (TRI). Na prática, questões mais difíceis valem mais. Aquelas que todos acertam, somam menos pontos. 

Se você fez uma prova com dez questões objetivas e acertou sete, quanto imagina que vai tirar? Esqueça a resposta se a prova em questão é a do Enem.  No Enem o cálculo é feito a partir das premissas da TRI – Teoria da Resposta ao Item. Nesta formulação o que é mais difícil vale mais pontos, e o inverso também é verdadeiro: questões mais fáceis, valem menos no Enem.

 Então, importa acertar muitas questões, mas desde que entre elas estejam as mais complexas e que exigem mais dos candidatos. Este é o segredo para ficar entre os primeiros. Só tem um complicador nessa parada: Não estão indicadas nas provas do Enem quais são as questões que valem mais.

É durante a fase de resultados, quando o INEP processa os gabaritos para todos os alunos, que aparecem as questões mais valorizadas. Justamente aquelas que tiveram menor taxa de acerto. Estas valem muito mais no Enem.

Além deste fator, com a Teoria da Resposta ao Item é possível desenvolver modelos matemáticos para identificar o padrão de respostas do candidato e, assim, reduzir a pontuação decorrente de eventuais chutes do aluno que o sistema vier a identificar.

TRI EnemAchou a TRI ‘tri complicada’, ou achou ‘tri legal?’

Não é mesmo fácil pegar de primeira. Tem que mastigar uma, duas, três vezes antes de engolir. Mas, não se estresse por não conseguir entender facilmente.

O Blog do Enem separou para você uma explicação técnica do Ministério da Educação e do INEP sobre a Teoria da Resposta ao Item aplicada ao Enem.  Entre, imprima, leve para a escola, e pede para os professores de matemática ou física explicarem a você e aos colegas como funciona a base estatística da TRI para o cálculo das notas no Enem.

Veja a Nota Explicativa do INEP sobre a TRI:

Clique para acessar o nota_tecnica_tri_enem_18012012.pdf

Fonte: Blog do ENEM

Provas Anteriores do Enem com Gabarito

gabarito-enem-2010

São as provas e gabaritos oficiais do Exame Nacional do Ensino Médio distribuídos pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, órgão vinculado ao MEC, e que cuida da realização do exame. Faça o download gratuito das provas do Enem, resolva as questões, e confira no Gabarito.

Com a liberação das provas do Enem  e dos gabaritos de cada ano todos os estudantes que já iniciaram os estudos para o próximo Exame Nacional do Ensino Médio podem tentar resolver as questões.

Afinal, fazer e refazer questões de edições anteriores do exame é, certamente, uma das melhores formas de se preparar. Junto com os simulados, se forma uma estratégia infalível para se dar bem na hora das provas do Enem.

Enem 2014 – Gabarito Oficial do MEC/INEP 

Provas do sábado:
Provas do domingo:

PROVA DE DOMINGO PARA DOWNLOAD:
> Caderno Amarelo – http://issuu.com/intensivo_enem/docs/amarelo_segundo_dia?e=3804814/10075857

DOWNLOAD DAS PROVAS E GABARITO ENEM 2014 – SÁBADO

> Caderno Amarelo – http://issuu.com/intensivo_enem/docs/amarelo?e=3804814/10067379

> Caderno Branco – http://issuu.com/intensivo_enem/docs/branco?e=3804814/10067357

> Gabarito Enem 2014 – http://blogdoenem.com.br/gabarito-enem/

 

T.R.I – Teoria da Resposta ao Item. Como é o cálculo da sua nota no Enem? – Veja como é feito o cálculo da nota do Enem pela TRI – Teoria da Resposta ao Item. Questões mais difíceis valem mais pontos.

Provas do Exame Nacional do Ensino Médio 2013 a 1998 – Download gratuito de provas e gabaritos de edições anteriores

Provas do Enem 2013 a 1999 – Download gratuito

Ano

Provas e Gabaritos

2013 Sáb http://download.inep.gov.br/enem/2013/caderno_enem2013_sab_amarelo.pdf  
Dom http://download.inep.gov.br/enem/2013/caderno_enem2013_dom_amarelo.pdf 
2012 Sáb http://download.inep.gov.br/enem/2012/caderno_enem2012_sab_amarelo.pdf
Dom http://download.inep.gov.br/enem/2012/caderno_enem2012_dom_amarelo.pdf
2011 Sáb http://download.inep.gov.br/enem/2011/02_AMARELO_GAB.pdf
Dom http://download.inep.gov.br/enem/2011/05_AMARELO_GAB.pdf          
2010 Sáb http://download.inep.gov.br/enem/provas/2010/AZUL_Sabado_GAB.pdf
Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/2010/AZUL_Domingo_GAB.pdf
2009 Sáb http://download.inep.gov.br/enem/downloads/2009/dia1_caderno1.pdf http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/2009/gabaritodia1.pdf
Dom http://download.inep.gov.br/enem/downloads/2009/dia2_caderno7.pdf http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/2009/gabaritodia2.pdf
2008 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/2008/2008_amarela.pdf
2007 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/2007/2007_amarela.pdf
2006 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/2006/2006_amarela.pdf
2005 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/2005/2005_amarela.pdf
2004 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/2004/2004_amarela.pdf
2003 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/2003/2003_amarela.pdf
2002 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/2002/2002_amarela.pdf
2001 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/2001/2001_amarela.pdf
2000 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/2000/2000_amarela.pdf
1999 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/1999/1999_amarela.pdf
1998 Dom http://download.inep.gov.br/enem/provas/1998/1998_amarela.pdf